quem precisa de ordem?

Quem precisa de ordem pra inventar, pintar, dançar, compor, escrever, rimar e narrar?

*Com todo respeito quero mostrar uma pequena fabulazinha.


Me falaram sobre uma floresta distante, onde uma história triste aconteceu no tempo em que os pássaros falavam. Os urubus, bichos altivos mas sem dotes para o canto resolveram mesmo contra a natureza, que haviam de se tornarem grandes cantores.Abriram escolas e importaram professores, aprenderam dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, encomendaram diplomas e combinaram provas entre si para escolher quais deles passariam a mandar nos demais. Apartir daí criaram concursos, inventaram títulos pomposos, cada urubuzinho aprendiz sonhava um dia se tornar um ilustre urubu titular afim de ser chamado por vossa excelência.


Passaram-se décadas até que a patética harmonia dos urubus maestros foi abalada com a invasão da floresta por canários tagarelas, que faziam coro com periquitos festivos e serenatas com sabiás. Os velhos urubus encrespados entortaram o bico e convocaram os canários e periquitos para um rigoroso inquérito. Cade os documentos de seus concursos? (indagaram) E os pobres passarinhos se olharam assustados, nunca haviam freqüentado escola de canto pois o canto nascera com eles, seu canto era tão natural que nunca se preocuparam em provar que sabiam cantar, naturalmente cantavam.


Não, não, não assim não pode, cantar sem os documentos devidos é um desrespeito a ordem, bradaram os urubus. E em um nisoro expulsaram da floresta os inofensivos passarinhos que ousavam cantar sem alvarás.


Moral da história: em terra de urubus diplomados não se ouve os cantos dos sabiás.


*Música: "muito obrigado" do Mundo Livre S/A.

Um comentário:

ma(g)dalena disse...

"Infemero, rastejante verme, fezes de hipopotamo femea e cala-te. Ou lhe arrebentarei sua poltrefática carcaça com minhas mortomofólicas mãos. E dar-te-ei rolas e socos de cima para baixo e de baixo para cima que nem urubu de binóculo te encontrar-te-á no espaço sideral"

cantaba el año 2007, en el mes de mayo un morador de rua da praca da sé